terça-feira, 18 de novembro de 2014

a sombra chega cedo no vale dos prédios
o céu é encoberto por nuvens de pedra

O labirinto é um xadrez
e comprime o céu contra a fumaça
e se mistura a este
o labirinto da sua batalha

às vezes orgânico
qualquer refúgio nos foge
não há escape nem abrigo
por entre muros dinâmicos

não se sabe pra onde vamos
e talvez não seja preciso
sei que aqui a solidão
ela se esconde pelos cantos

o labirinto do seu dia-a-dia
sem sabor que não te engana
seu caminho de noite-e-dia
de semana e fim-de-semana

(Não é esta sua vidinha?
sempre igual e diferente
quase como a minha
que não ousa nem pretende)

A calçada da cidade é o fundo do tédio
a origem e um fundo de mar
Se te salvaria desta prévia perda
beber arte ou paixão
(fosse um instante)
amar ou odiar
não sabemos e não há bebida ou remédio

Quem sabe a realidade não é boa e uma tragédia?
...nos lugares onde as nuvens são de pedra!

pedras retas artificiais
belas nuvens
sem vertigem
elas não se movem
(alugam-se imóveis)
que não flutuam que não chovem!
(desordem e ordem)
que não pululam ou se dissolvem
prévia perda perdida em alguma hora que se foi
antes desta cidade

Quem sabe a realidade não é uma boa e não é mesmo
...e não é mesmo só uma tragédia?
...nas aldeias onde as nuvens são pedras...