terça-feira, 30 de setembro de 2014

...e parece que na verdade nada nunca muda
andei muitas milhas em rondas absurdas
entre os prédios da cidade e as ruas
e agora eu curto minha milonga muda

milonga muda em que eu me calo
milonga porque seria um canto
muda, já que é desencanto
e por silêncios, então, é que falo

milonga pra ficar de canto
pra conter raiva ou contar pranto
palavra pura pra curar pialo
quieta como o olhar mais claro

...pra contar história, cometer espanto
de quem vive, e quem vive, vive andando
uma idéia nova quase sempre ajuda
a andar no mundo, mas anda quem muda

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

uma cidade invisível sitia a nossa
de brasileiros que abandonaram a roça
enquanto não toma forma e cores
no miolo cercado crescem as torres

cruzamos nessas ruas nossas vidas
filhos de peões que deixaram a lida
e deserdados da terra ancestral
no centro da aldeia: marginal

como podemos ser tão cegos?
quem decidiu que isto é certo?
lacunas no espaço que conhecemos
a Imagem da Cidade que nós não vemos
 
sombras aos pés dos arranha-céus
somos todos de todos réus
vultos nos trens-fantasmas
entre fachadas, ruídos e fumaça

quinta-feira, 25 de setembro de 2014


a minha vida é em português brasileiro
brasileiro
é o que eu sou o tempo inteiro
 
é minha sina que eu monto do meu jeito
do meu jeito
sobre o caminho traiçoeiro
 
o meu destino
eu viro pra onde eu quero
até onde enxergo
meu caminho
é inventado, paralelo
atravessado pra nunca chegar no zero
 
meio sozinho
com pensamentos na minha língua meio estranha
do Sul, sul-americana
(eu vou indo)
(meio sozinho)
com pensamentos-sentimentos que se ganha
(evoluindo)
caminhando sob o próprio peso há semanas
(eu vôo indo)
flutuando na imensidão do céu tamanha